Minha experiência de reaprender .NET em 2024 depois de ter começado a trabalhar com isso em 2002. DIO (pronuncia-se “di ai ou”; será que o “D” é de desenvolvedor? 🤔)
Na firma fizeram parceria com a
DIO
, uma escola livre de tecnologia, estilo
Alura
. A ideia é promover um bootcamp (palavra desgastada e fora de moda; hackathon também se inclui). Uma coisa comum que essas escolas tem é qualidade questionável do material, além dos seus professores instrutores.
Coitado do Leonardo Buta , mas ele está se esforçando. Jovem, precisa melhor organizar o conteúdo e didática. Voz lenta e monotônica. O que me deixa indignado é o custo. Ok, talvez é pouco - o equivalente mensal ao valor de uma assinatura do Netflix — que eu não assino. Mas a qualidade geral decepciona. Falta aplicação de design instrucional, no mínimo.
Nesse “curso” — eu não sei se podemos chamar assim — há cerca de 1 hora de conteúdo introdutório teórico — sendo precisos 41m17s. E não se engane se acha que ele está ensinado lógica de programação — o que não seria surpresa se tratando da proposta da DIO, mas ele conta o que é o .NET, sua história, diferenças entre o novo .NET Core e o “velho” .NET Framework.
O ambiente de aprendizado é bacana, melhor que o Moodle mal e porcamente customizado da FIAP. Na DIO gameficaram o modelo de pontuação (XP, experience), ranking e barras de progresso. No Microsoft Learning Path tem isso também. Há quizzes no final, inclusive com tempo máximo para responder, estilo exames de certificação. Mas exageram: é certificado pra cada módulo do curso concluído. Fora os erros de português na interface.
Eles tem um curso de inglês também e vendem o sonho, no melhor estilo Flávio Augusto, de trabalhar ganhando em dólar.
Os vídeos estão hospedados do Youtube . Muito melhor do que lidar com o buffering da hospedagem local da FIAP.
Numa análise psicanalíca, percebe-se várias vezes o Leonardo falando é difícil, é complicado, já estamos chegando na parte prática. Ele mesmo se entrega e concorda o que fez é meia boca.
desenvolvedor.io
Surpresa muito grata ao começar na plataforma. Onboarding intrusivo, já pedindo CPF logo no cadastro, com login social e para o primeiro curso, já pede endereço completo e mais um monte de coisa.
Do prisma do LMS, é quase o estado da arte: com menu que guia o aluno no percurso, transição automática para aulas seguintes (estilo playlist) e barra de progresso. Senti falta da gameficação. Interessante já o fórum na parte inferior do vídeo. Falando em vídeo, curioso que todos são em minutos cravados.
curso.dev
Me assustou no alto nível de qualidade. Quase tudo que eu imaginava que deveria ter o tal Filipe Deschamps fez. A única questão é por ensinar JavaScript Node.js.
ASP.NET
Como ele está organizado
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Sites
- MVC
- Razor Pages
- Razor Library
- Blazor
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Services
- Web API
- SignalR
- gRPC
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Identity (finalmente, by design)
A coisa mais rápida que se tem hoje: https://www.techempower.com/benchmarks/#hw=ph&test=plaintext§ion=data-r22
Como eu produziria esse curso?
Conteúdo teórico, principalmente histórico é importante e engaja. Porém, na primeira aula, não fujo do Hello World . É a oportunidade da pessoa colocar a mão na massa, ver funcionando o que ela acabou de escrever. É assim na matéria de Python no CS50 de Harvard. E para a pessoa ser capaz de fazer o Hello World de largada é preciso explicar com montar o ambiente para programar. Seja o editor (IDE), runtime, compilador e todo o resto da tranqueira.
A segunda aula, já traco um pouco mais de história, falo como o como a tecnologia nasceu, para que serve. Essas coisas. Combino aqui um exercício prático. Somar números, ler uma entrada de dados. Aplicação console bem chata.
Aula três, vamos para Web, onde hoje as pessoas estão mais habituadas. Vamos criar algo, baseado em um scaffolding do dotnet
. Por fim, um pouco mais de história. Intercalar entre teoria e prática, exercícios que o instrutor explica, outros que o aluno faz sozinho. Tudo faz parte de uma metodologia ativa de aprendizagem 1 com PBL 2.
A parte de preparação do ambiente, teria um arquivo README
pronto e uma automação para instalar tudo. Semelhante aos labs do Microsoft Learning Path. Utilizar o vscode web pode ser interessante.
Estrutura
Iniciando com ASP.NET por desenvolvedor.io
Introdução
- Apresentação
- Objetivos do curso -> “talvez ter colocado como, ao final desse curso, você será capaz de…, competência a ser adquirida”
- Pré-requisitos
Como aprendíamos programar no final dos anos 90 no Brasil
A Internet começa a engatinhar. De forma comercial, ela inicia em 1994 com os serviços do Universo Online (UOL). Já temos um mecanismo de busca local, o Cadê?. Há cursos de formação técnica , porém falta material de estudo, ainda mais em português. Livros, quase todos em inglês, importados e caros. Prolifera a troca de apostilhas, nos mais diversos formatos (RTF, DOC e PDF!). Sites como o Macoratti.net são referência em informação.
Desenvolvimento Web com FrontPage
No mundo Microsoft é o que temos. Alternativa ao Notepad. No Windows 98, a versão Express já permite aos amadores a sensação do que a mais completa oferece, o FrontPage 98, incluída na suite Office. Porém quem conhece um pouco de HTML fica irritado rápido: a experiência WYSIWYG gera uma quantidade absurda de código 3 inútil. Quem é profissional, usa o caro Dreamweaver da Macromedia. Ele não gera tanto código besta, mas não é tão fácil de mexer com o programa da Microsoft.
Para explorar mais
- Slides do curso
- História do .NET, em linha do tempo
- Como aprender Python? , vídeo do canal do Han (PyAjudeMe), um alemão que fala português. É um extremo positivo de didática.
- Como Eu Aprenderia a PROGRAMAR (Se eu pudesse começar de novo) , por Jerry Strazzeri no Youtube.
- Curso Lógica de Programação Completo 2024 , por Jhonatan de Souza no Youtube. Olha isso, é de graça e de melhor qualidade que DIO.
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Metodologias ativas de aprendizado , Engenhando Talks da USP ↩︎
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Para puristas, HTML não é “código”. Esse tratamento só pode ser dado a linguagens de programação como C#. Não é o meu caso. ↩︎